A AMODEFA, em colaboração com a HIvos, está a realizar de 23 a 27 de setembro o Retiro de Planificação e Contextualização da Teoria de Mudança do Projecto We Lead 2025, que tem como principal objectivo analisar o contexto de trabalho e alinhar as acções para os próximos anos. Este evento reune membros do CoA Moçambique e representantes do projecto We Lead de Zimbabwe, Kenya e Moçambique, e concentrou-se no fortalecimento das estratégias voltadas para a melhoria dos direitos e saúde sexual e reprodutiva (DSSR) de quatro grupos específicos de jovens mulheres: as que vivem com HIV, mulheres com deficiência, jovens que se identificam como LBTI e jovens afectadas pelo deslocamento.
O retiro teve início com uma apresentação institucional da AMODEFA feita pelo Director de Programas Sebastião Muthisse, onde foi reforçada a missão da organização de liderar e advogar pelos direitos sexuais e reprodutivos de maneira inclusiva, com foco nos adolescentes e jovens. A facilitadora da Comunidade em Acção (CoA), Márcia Mandlate, deu as boas-vindas aos participantes, seguida pela apresentação de Natércia Lourenço, ponto focal de salvaguarda, que abordou as normas de segurança e convivência, garantindo um ambiente acolhedor e inclusivo para todos.
Os participantes foram divididos em subgrupos para uma análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), que trouxe à tona importantes reflexões. Entre as principais forças identificadas, destacaram-se a sensibilização e capacitação das jovens, a criação de espaços seguros e liderados por elas, além da inclusão dessas detentoras de direitos em debates e espaços de tomada de decisão. Como oportunidades, o grupo apontou o potencial de fortalecimento dos movimentos nacionais e a participação activa em coligações que advogam pelos direitos sexuais e reprodutivos.
Entretanto, também foram discutidas algumas fraquezas, como a comunicação interna frágil entre as organizações do CoA e a monitoria insuficiente das actividades em campo. Além disso, as ameaças incluíram o impacto das eleições e mudanças políticas no país, a migração de jovens devido às mudanças climáticas, e a redução de fundos para o último ano de implementação do projecto.
Dentre as principais recomendações destacadas, foi sugerido o fortalecimento da comunicação interna por meio de ferramentas digitais, a realização de reuniões bimensais para troca de experiências, e a criação de políticas internas que permitam às jovens ocuparem espaços de tomada de decisão. Também foi enfatizada a necessidade de documentar histórias de sucesso e boas práticas, como forma de evidenciar o impacto positivo do projecto e garantir a continuidade das acções. Foi reforçada a necessidade de obter consentimento antes de fotografar e divulgar imagens dos beneficiários, garantindo que estas ilustrem o impacto positivo das acções.
O retiro também proporcionou uma reflexão coletiva sobre as actividades já realizadas pelas organizações envolvidas no programa, com destaque para os casos de sucesso apresentados pela ABEVAMO, ASCHA, REPSSI, ASSCODECHA, MOVFEMME, AESMO, AMMD, HIXIKANWE, KUTENGA e AMTSALA. Cada organização relatou suas conquistas e desafios, desde sessões de sensibilização com líderes comunitários, revitalização de espaços seguros em escolas e centros de saúde, até treinamentos voltados para a mudança de comportamento em relação à saúde sexual e reprodutiva.
Com uma avaliação geral positiva, o encontro definiu estratégias claras para os próximos meses, incluindo o aprimoramento do sistema de monitoria e avaliação das actividades, o fortalecimento das parcerias com autoridades comunitárias, e a implementação de um sistema de relatórios semestrais para medir o impacto e sustentabilidade das acções.
Esse retiro é um marco importante na trajetória do programa We Lead, evidenciando a força do trabalho em rede e a importância de continuar a apoiar essas jovens na defesa de seus direitos e na construção de mudanças sustentáveis em suas comunidades.